HOMOLOGAÇÃO

Dados do Caso

Cabeça e Pescoço

ASPECTOS DE IMAGEM DA ENDOFTALMITE

278
Ensino
Tipo Caso 1
  • MARINA CRISTINA AKURI - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP - ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
  • ANDRE TITO PEREIRA BUENO - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP - ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
  • ANGELA MARIA BORRI WOLOSKER - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP - ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
RAQUEL NASCIMENTO LOPES - UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO - UNIFESP - ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA
Email: lopesraqueln@hotmail.com
19/03/2021
18/07/2022
Masculino , 51 anos
Órbita, Infecções

Resumo

Paciente apresentando hiperemia no olho direito, proptose e restrição da movimentação ocular há 10 dias. Ultrassonografia da órbita demonstrando câmara vítrea preenchida por conteúdo ecogênico irregular e heterogêneo, espessamento das paredes do globo ocular, da íris e dos corpos ciliares. Tomografia computadorizada demonstrando espessamento e hiperrealce das paredes do globo, aspecto heterogêneo da câmara vítrea e densificação dos tecidos gordurosos retrobulbares, aspecto típico de endoftalmite

Histórico Clínico

Paciente com queixa de hiperemia no olho direito, proptose e restrição da movimentação ocular em todas as direções há cerca de 10 dias. Antecedente patológico de HIV positivo, em uso irregular de TARV, etilista, hipertenso e diabético sem tratamento.

Achados Radiológicos

Ultrassonografia demonstrando comparação entre os globos oculares direito e esquerdo. Órbita direita demonstrando câmara vítrea preenchida por conteúdo ecogênico irregular e heterogêneo, bem como espessamento das paredes do globo ocular, da íris e dos corpos ciliares. Globo ocular esquerdo de aspecto ultrassonográfico habitual (figura 1). Tomografia computadorizada demonstrando espessamento e hiperrealce das paredes do globo ocular direito, associado a aspecto heterogêneo da câmara vítrea e densificação dos tecidos retrobulbares. Há ainda discreto espessamento da musculatura ocular extrínseca, proptose ocular grau 1 e borramento da gordura periorbitária à direita, notadamente da pálpebra inferior, se estendendo até a região malar deste lado, achados compatíveis com endoftalmite à direita (figuras 2, 3, 4).

Discussão

O termo endoftalmite tem como definição a infecção que acomete os tecidos internos do globo ocular, podendo se estender da câmara anterior à câmara vítrea, e ainda aos demais espaços intraorbitários por contiguidade, a depender da severidade do processo inflamatório/infeccioso, do tempo até o diagnóstico e tratamento adequado. O processo infeccioso pode estar relacionado a eventos traumáticos/cirúrgicos que facilitem a penetração dos agentes infecciosos ao interior do globo (endoftalmite exógena) ou ainda a processos infecciosos em outros sítios carreados ao interior do globo por via hematogênica (endoftalmite endógena) [1]. A endoftalmite é considerada um estado de emergência oftalmológica e o diagnóstico clínico é, com frequência, desafiador. A demora na detecção e no início do tratamento pode exacerbar o processo inflamatório ou ainda acarretar piora expressiva das sequelas permanentes que possam ocorrer. Daí a importância dos exames de imagem no apoio diagnóstico e controle terapêutico desta condição.[2] O diagnóstico do caso clínico acima descrito foi realizado com base nas informações clínicas, associadas aos achados de imagem bastante típicos apresentados. Vale ainda salientar a condição de base do paciente, com diagnóstico de imunodepressão por HIV, diabetes, etilismo, condições que favorecem processos inflamatórios/infecciosos desta natureza. Como diagnósticos diferenciais, podem ser citados neoplasias, mais especificamente o melanoma de coroide ou metástases, trauma, corpos estranhos intraoculares, além de uveíte não infecciosa [1,3].

Lista de Diferenciais

  • Neoplasias (melanoma de coroide ou processos metastáticos)
  • Trauma
  • Corpos estranhos intraoculares
  • Uveíte não infecciosa

Diagnóstico

  • Endoftalmite

Aprendizado

A união dos dados clínicos aos exames de imagem (tomografia computadorizada, ultrassonografia e eventualmente a ressonância magnética, se disponível) podem trazer informações importantes sobre a extensão da doença, suas complicações, guiando assim as possibilidades terapûticas e também exercendo papel na avaliação de resposta ao tratamento e detecção de sequelas de maneira precoce.

Referências

  • 1. Radhakrishnan R, Cornelius R, Cunnane MB, et al. MR imaging findings of endophthalmitis. Neuroradiol J. 2016 Apr; 29(2): 122–129.
  • 2. LeBedis CA, Sakai O. Nontraumatic orbital conditions: diagnosis with CT and MR imaging in the emergent setting. Radiographics : a review publication of the Radiological Society of North America, Inc. 28 (6): 1741-53.
  • 3. Nguyễn VD, Singh AK, Altmeyer WB et al. Desmistifying orbital emergencies: a pictorial review. RadioGraphics 2017; 37:947–962

Informações do Caso

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